Resumo:
Esta Tese apresenta um estudo sobre a formação continuada desenvolvida em um
Laboratório de Docências com professoras dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
(LABDOC-AIEF). A pesquisa procurou responder ao seguinte questionamento: como se
constituem os experimentos de formação continuada dos professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, produzidos a partir das experiências coformativas no LABDOC-AIEF? Na articulação dos estudos sobre formação continuada de professores, estudos foucaultianos e estudos sobre a docência contemporânea, a partir de uma perspectiva hipercrítica, buscou-se identificar, descrever e analisar os experimentos e experiências de formação continuada dos professores que atuam nos AIEF, na rede pública de São Leopoldo/RS. Os materiais analisados foram compostos por um questionário on-line (Google Forms) e pelas transcrições de encontros do LABDOC-AIEF (2022 e 2023). As análises foram realizadas por meio da articulação de dois conceitos foucaultianos: cuidado de si e análise de discurso. Outros conceitos/ferramentas também foram utilizados, tais como hipercrítica, exercício de pensamento, artesania, experiência e coformação, permitindo problematizar a formação continuada de professores e levantar algumas possibilidades para pensá-la de outros modos. Com tal proposição, defendese, a partir desta pesquisa, que uma das maneiras para pensar de outros modos a (de)formação continuada como forma de vida docente é subvertendo alguns dos eixos de uma lógica gerencialista, colocada em circulação pela cultura formativa, alicerçada no entendimento da doutrina platônica dos dois mundos. Por isso, apostou-se em uma (de)formação continuada como forma de vida docente que se produz em uma outra cultura formativa, analisando e abandonando os seguintes dualismos: tempo de aceleração x tempo artesanal; competitividade/individualismo x cooperação; trabalho performático x trabalho artesanal; tarefismo pedagógico x exercício do pensamento; reprodução de modelos x engajamento e autoria docente. A tese defendida é a de que há a necessidade da criação de uma outra cultura formativa, que possibilite pensar de outros modos a formação continuada, o que chamo de (de)formação continuada como forma de vida docente.