Resumo:
O objetivo central desta tese é conhecer e problematizar como estudantes com deficiência se narram na experiência com o aprender na universidade. A materialidade analisada compreende 11 entrevistas-narrativas com alunos universitários com deficiência, atendidos pelo Programa de Apoio aos Estudantes com Necessidades Específicas da Universidade Federal do Rio Grande, matriculados em cursos de
graduação. A intenção foi empreender uma analítica reflexiva sobre as experiências desses estudantes em relação ao seu aprender na universidade, problematizando
como são estabelecidas essas experiências e os efeitos que elas produzem, a partir
do que está dito e das relações e tensões que estabelecem. As análises mostraram
como a in/exclusão opera no ambiente universitário por meio de práticas de apoio que
invisibilizam a presença do aluno com deficiência e limitam seu acesso ao ensino,
tornando o seu aprender um desafio à normalidade estabelecida. Apontaram também
uma educação pautada numa lógica explicadora que, no encontro com a deficiência,
reafirma a incapacidade como elemento de subjetivação, limitando o aprender do
estudante universitário com deficiência, determinando seu modo de ser, ao fazer com
que não acredite em sua capacidade de aprender. Entretanto, verificou-se que, ao
aplicar a lógica explicadora a todos os alunos (com ou sem deficiência), o professor
ignora as especificidades do estudante com deficiência, fazendo com que ele
improvise estratégias ao seu aprender, num movimento de emancipação, que cria
rotas de fuga à lógica instituída. A emancipação evidenciada nas narrativas dos
participantes da pesquisa, demonstra a potência desses corpos em um espaço
comum: a universidade. Não como um movimento contrário à subjugação, mas como
uma rota de fuga do sujeito à lógica de ensino estabelecida. Uma atitude intelectual
por parte do aluno, em busca de aprender e traduzir os signos do mundo a partir de
seu próprio olhar. Desta forma, verificou-se que os estudantes universitários com
deficiência se narram na experiência por meio de singularidades emancipadas, que
produzem estratégias à emancipação do seu aprender.