Resumo:
O par docência e amor, que tem se feito presente na produção de conhecimento contemporânea, especialmente a partir da segunda metade do século XX e neste início do século XXI, é o objeto desta pesquisa. A tese tem como objetivo identificar discursos sobre docência e sobre amor e descrever e analisar uma certa subjetividade docente produzida a partir destes discursos. Para isso, desde uma perspectiva pós-estruturalista, os estudos em docência e os estudos de gênero, fundamentam o quadro referencial da tese. O conceito de discurso, a partir de Michel Foucault, e o conceito de subjetividade, a partir de Judith Butler e de Michael Hardt e Antonio Negri, são tomados como ferramentas para a construção das análises. O corpus empírico da pesquisa é composto por seis obras educacionais, duas delas de autora (Hannah Arendt) e autores estrangeiros (Jan Masschelein e Maarten Simons) e quatro de autores brasileiros (Paulo Freire; Rubem Alves; Leonardo Boff; Leandro Karnal). Foi possível identificar três discursos sobre docência e sobre amor, operantes nas obras educacionais: (1) discurso teológico, que se ocupa da construção de certos modos de compreender o “ser” e a “existência humana”, posicionando a docência na sua condição humana e no qual o amor é manifestado como cuidado; (2) discurso filosófico, que mobiliza, de forma central, enunciados acerca da educação, enquanto processo humano, posicionando a docência na sua condição educativa a partir da dimensão de responsabilidade; (3) discurso pedagógico, que se ocupa da condução de sujeitos, posicionando a docência na sua condição pedagógica e mobilizando o amor pedagógico. A tese defendida é de que o amor pedagógico é constituído por três discursos, entre outros, identificados e analisados nas obras educacionais analisadas; e de que esta produção discursiva, que ocorre por meio do amor pedagógico, fabrica uma subjetividade docente amorosa.