Resumo:
Esta pesquisa analisa como o conceito de aprendizagem foi sendo reelaborado no
mundo do trabalho olhando a Educação e o campo dos Estudos Organizacionais em
três períodos, a saber: 1950-1989, 1990-1999 e 2000-2010. Para isso, foram
utilizados como material empírico 60 anos de Relatórios do SENAC/SC e três
documentos produzidos pela OIT e CINTERFOR, a partir dos quais é possível
evidenciar como os encaminhamentos desses órgãos são difundidos na Educação
Profissional, alterando significativamente o perfil do trabalhador exigido pelo mercado
de trabalho em cada período analisado. As análises dos documentos mostram que,
no período de 1950-1989, a vinculação entre o conhecimento, a aplicação desses
saberes e o saber fazer eram características marcantes da educação profissional. A
formação tecnicista garantiu, por quase todos esses anos, uma formação profissional
amparada no conhecimento técnico, cujo sentido era a inserção produtiva dos
trabalhadores no mundo do trabalho. Observo, no decorrer desse período, que
pequenas mudanças começam a ocorrer nas formas de ensino. Surgem as parcerias
com empresas, as aulas práticas em ambientes comerciais, que passam mostrar uma
utilidade diferenciada para a formação. Subsequente, no período de 1990-1999 a
educação profissional se voltará ao ensino de competências como um pilar para a
empregabilidade. Com o forte incentivo ao desenvolvimento de competências, vejo
surgir uma nova lógica de formação profissional, que supera a formação baseada no
tecnicismo devido às demandas da sociedade industrial, acentuando, a partir da
modernização produtiva, uma lógica de formação que visa articular competências
individuais do trabalhador aos interesses de mercado. Durante esse período, a OIT e
CINTERFOR trabalham ativamente para consolidar junto às instituições de formação
profissional as certificações e validações de competências via itinerários de formação
profissional. No último período, 2000-2010, é analisada a Aprendizagem
Organizacional (AO) como mobilizadora do Homo œconomicus aptatus. Neste último
período, vejo o modelo de formação profissional sendo substituído pelas certificações
de experiências adquiridas e a aprendizagem no local de trabalho como parte
fundamental da formação ao longo da vida. Defendo a Tese de que o atual modelo de
formação profissional, baseado em certificações e validações de competências
(entendam-se experiências adquiridas) mobilizadas pela AO, empreende, ao final, um
trabalhador sem conhecimento e sem profissão, apenas com competências mínimas
para se adaptar ao mercado de trabalho e sobreviver.