Resumo:
A presente Tese trata do exame dos discursos de adoecimento docente entre os professores que atuam no Ensino Superior brasileiro, a partir de uma inspiração arquegenealógica em Foucault, operando com a ferramenta da análise do discurso. Buscamos, portanto, entender as condições de possibilidade que fazem emergir esse discurso em uma determinada temporalidade: o contemporâneo, desnaturalizando
aquilo que é dado como verdadeiro e natural: que o professor é doente. Para tanto, primeiramente realizamos uma análise documental em dezessete artigos publicados em Periódicos bem avaliados pela CAPES, publicados nas áreas da Educação, Saúde e Administração. Em seguida, oito entrevistas com professores que atuam em uma
Universidade Federal no Estado do Rio Grande do Sul. Após leitura e escuta desses documentos, dividimos a análise de acordo com as regularidades mais presentes: 1) o discurso empresarial de superdesempenho, e 2) o gênero na docência do Ensino Superior. Quando discutimos a primeira regularidade, questões de superdesempenho, autocompetição e empresariamento de si mesmo foram abordadas. Mo que tange à segunda pista, referimo-nos às mulheres que percebem mais o ambiente propício ao adoecimento do que aos homens no âmbito universitário, à discriminação por gênero
sofrida pelas mulheres e à presença de saúde nas falas das professoras, com a empatia presente na sua prática laboral cotidiana. Por fim, propomos um ferramental para abordar a temática do adoecimento docente, qual seja: o docente endividado, esse modo de subjetivação em que nos autorresponsabilizamos como professores
pelo nosso fracasso ou sucesso, sendo que, ao invés de falarmos em adoecimento docente como um dado individual, recomendamos pensar como um sintoma contemporâneo de uma maquinaria adoecida que provoca tantos colapsos humanos nos espaços e temporalidades das universidades brasileiras.