Resumo:
A presente Tese tem como tema o fenômeno educativo que acontece no universo do Movimento Social da Economia Popular Solidária. A investigação aconteceu em duas experiências de educação, nascidas de projetos de política pública, regidos por editais financiados pela SENAES: a segunda versão do Centro de Formação e Assessoria Técnica em Economia Solidária (CFES Regional Sul/2013-2017) e o Projeto Municipal de Ações Integradas de Economia Solidária de São Leopoldo/RS (2013/2016). O objetivo principal foi investigar os sentidos e significados – individuais e coletivos - atribuídos pelas pessoas que participaram dos processos educativos, bem como perceber neles possibilidades e limites para a construção/consolidação de uma política pública de educação e assessoria técnica em Economia Solidária. Nas entrelinhas desta (re)leitura compreensiva, intencionou-se perceber como o processo pedagógico aconteceu por meio das práticas de participação, do diálogo, verificando de que modo as experiências de vida contribuem para uma possível conscientização e libertação das pessoas envolvidas. O referencial teórico teve por base a fenomenologia desde Merleau-Ponty, em sintonia com a Educação Popular em Paulo Freire e com a Sistematização das Experiências conforme Oscar Jara e Danilo Streck e Telmo Adams. Valorizamos também dimensões teóricas das epistemologias (des)coloniais com base em Frantz Fanon, Catherine Walsh, Walter Mignolo, Fernanda F. Bragato, e feministas que colaboram para ampliar as reflexões tecidas na pesquisa. Entre os resultados, destaca-se: o potencial do conceito de sororidade como mediação pedagógica entre as mulheres; as epistemologias do cotidiano feminino como base existencial da produção de sentidos, significados e saberes libertadores de si; a (re)significação de conceitos e práticas fundamentais à vivência da educação em Economia Solidária como estratégia de fortalecimento da política; o desafio de viver a educação solidária como princípio educativo da formação/educação em Economia Popular Solidária; a resignificação dos sentidos e práticas da participação e do diálogo como instrumentos da autogestão possível.