Resumo:
A Tese objetiva problematizar os discursos sobre as identidades culturais, proliferados na educação Contemporânea. No cruzamento entre teorizações de Michel Foucault e teorizações que se filiam ao pensamento social contemporâneo, articula o discurso e o governamento como ferramentas analíticas e circunscreve os limites teóricos que pautam a pesquisa. Para empreender as análises, toma três conjuntos heterogêneos de materiais constituídos por: 1) publicações do Ministério da Educação, no âmbito das políticas de atenção à diversidade; 2) publicações da Revista Nova Escola, e; 3) publicações de agências vinculadas ao Estado, como IBGE, IPEA, UNESCO e UNICEF. A análise dos materiais mostra como as relações entre diversidade cultural e educação foram incorporadas à agenda política do Estado brasileiro ao longo do século XX e circunscreve o modo como as políticas de atenção à diversidade repercutem no espaço escolar e definem práticas escolares. A pesquisa mostra duas estratégias de governamento identitário, delineadas nas políticas educacionais: a produção da tolerância e a inversão do estigma. Ambas as estratégias procuram atender a uma meta lançada para a educação: esmaecer as práticas de discriminação. Conclui, por fim, que a inversão parcial do estigma inviabiliza a incorporação da desejada tolerância nos relacionamentos entre os indivíduos, fazendo com que essas estratégias não produzam os efeitos esperados na redução das práticas de discriminação.