Resumo:
A presente tese analisa os significados subjetivos e intersubjetivos, assim como os símbolos significantes que os policiais militares, em suas práticas operacionais, no contexto das relações raciais, atribuem a essas atividades de abordagem operacional, cuja finalidade é compreender e analisar a realidade dessas práticas que estes profissionais constroem, diante das ações, junto ao indivíduo negro. O desenho teórico metodológico utilizado foi o da pesquisa qualitativa, sob a ótica do interacionismo simbólico que o caracteriza com o pensamento de George Herbert Mead (1993), fielmente transmitido por Herbert Blumer (1982). Essa estimulante perspectiva constitui a compreensão do policial militar em seu meio social, entendendo-o como membro efetivo de seu grupo, dentro do qual está sujeito a uma contínua interpretação de significados. Os participantes do estudo em referência são policiais militares, desde a formação até o momento de aplicar os conhecimentos recebidos em suas ações operacionais nos espaços públicos da sociedade. As categorias teóricas resultantes do estudo – formação, abordagem, algemar e percepção policial militar –, através da análise, enquanto técnica de análise de conteúdo, coexistem como processo de interação e que, no encontro com o indivíduo negro como alvo de suspeição, se manifesta com maior ênfase nessas ações, produzindo significantes que dão sentido à realidade nas abordagens, no contexto das relações raciais, sob a lógica de práticas equânimes. No entanto, nas práticas operacionais de policiais militares, na interação com o indivíduo negro, há ações revestidas de racismo que configuram como interpretação e significados diante das abordagens no contexto das relações raciais. As considerações finais configuram que as práticas operacionais de policiais militares no contexto das relações raciais são interpretadas com características mais laborais do que sociais, enfatizando que o vínculo social está relacionado ao grau de pertencimento do grupo social ao qual o policial pertence, imprimindo, nessas abordagens operacionais, atitudes culturais de socialização institucional, com significados de ações pautadas nas fontes da instituição de como agir em relação ao indivíduo negro, ofertando evidências da ativação de atos de racismo nas impressões sobre esse indivíduo “estrangeiro”. E, onde se avalia o significado dessas interações com a população negra, nesse caso, o racismo se torna o status principal que afeta a maneira da interação com a comunidade negra definindo um encontro com esse indivíduo negro, que opera como um tipo de “pele social” transmitindo sobre seus caracteres o preconceito e a discriminação.