Resumo:
Em um contexto de rápida evolução tecnológica, em que se tem uma
hiperconexão, a quantidade de dados pessoais disponíveis e as possibilidades de sua
utilização são sem precedentes. Diversas práticas já aplicam tecnologias de análise
desses dados sob justificativa de prevenção e repressão penal. Com a necessidade
de conciliar os direitos fundamentais à proteção de dados pessoais e à segurança
pública, têm se destacado algumas propostas de regulação da temática – a principal
é o Projeto de Lei nº 1.515, de 2022, apresentado à Câmara dos Deputados. Nesse
sentido, o presente trabalho é movido pela seguinte questão de pesquisa: em que
medida a proposta da LGPD penal (Projeto de Lei nº 1.515 de 2022) limita e garante
o direito fundamental à proteção de dados pessoais dentro do contexto da garantia da
segurança pública em sentido amplo? Para responder a essa pergunta, a pesquisa
desenvolveu-se pelo método sistêmico-construtivista. A dissertação divide-se em
duas partes: a primeira, exploratória, visa conceituar e identificar os dados pessoais e
possíveis usos na esfera penal; a segunda, de natureza descritiva, busca definir os
direitos fundamentais colidentes, com a identificação das possibilidades de restrição
e o “limite aos limites” impostos por um direito sobre o outro. Conclui-se que o PL nº
1.515/2022 sobrevaloriza a segurança pública, invadindo o núcleo essencial do direito
fundamental à proteção de dados pessoais, mais limitando este último direito do que
garantindo-o.