Resumo:
O presente estudo analisa a trajetória para compreender o pensamento da esquerda política em suas formulações iniciais até os nossos dias. Propõe-se percorrer o caminho da formação da visão de mundo do socialismo, sua história, ações e personagens. Do socialismo utópico de Babeuf ao materialismo científico de Marx e Engels, contextualiza-se o percurso para chegar a 1989 e aprofundar as razões da falência do socialismo, simbolizada pela queda do muro de Berlim. Os valores, tomados como centrais na concepção de esquerda, igualdade e liberdade, são analisados como também os conceitos de diferença e outro. À luz do pragmatismo filosófico, estuda-se igualmente a psicopolítica do poder, o pluralismo e a noção de justiça – da justiça como lealdade ampliada à redescrição da realidade por meio de uma nova autoridade semântica, como nos ensina Richard Rorty. Os objetivos da tese são criar um texto consistente sobre a concepção da esquerda para reconduzi-la à construção do presente e do futuro político da sociedade a partir de uma nova linguagem e apresentar, sob o olhar das Ciências Sociais, o colapso do socialismo e a sua impossibilidade, demonstrados na prática dos governos do Leste Europeu; formular, revisando a crítica ao dogmatismo da esquerda, o marco teórico para servir de base à nova visão da esquerda revelam-se objetivos específicos. E, nesse sentido, a construção de um glossário se apresenta metodologicamente pertinente tal qual o relato da experiência nas eleições de 2020. Elaboram-se, assim, contribuições necessárias para, de um lado, superar a nostalgia e a memória da Esquerda da Tradição e, de outro, apontar um novo caminho à sociedade contemporânea: a Esquerda da Diferença.