Resumo:
O acesso à Educação Superior no Brasil, historicamente, foi restrito a uma pequena parcela da sociedade, uma parcela dotada de privilégios de classe social, gênero e cor. É nesse - e em combate a esse - cenário excludente que emergem iniciativas sociais como os Cursos Pré-Vestibulares Populares (CPVPs), movimentos que buscam democratizar a Educação Superior. Outras formas de juventude e de vida adulta estão acessando, nos últimos anos, cada vez mais à universidade e, um caminho que tem potencializado esse processo, é a existência dos CPVPs. Este trabalho investigou quem são e como são algumas das histórias deste novo público universitário, e como relacionam-se com o modelo de universidade em vigência no Brasil. Para tal, a investigação utilizou-se da Pesquisa Participante como embasamento metodológico e entrevistas semi-estruturadas com quatro egressos de um CPVP de Porto Alegre/RS como procedimento para produzir dados sobre estas histórias. Dentre alguns achados da pesquisa, é possível destacar que a produção de eixos interseccionais entre e por diferentes realidades – tendo como ponto de encontro este cursinho -, mostrou-se como uma grande potência na luta pela democratização não só do acesso, mas também da permanência na Educação Superior. O projeto mostrou-se bastante importante para sustentar, junto a seus egressos, suas próprias lutas. Lutas estas que, sobretudo das mulheres negras, desafiam números, desafiam posições sociais e fazem histórias – que além de exclusão, são de muita produção subjetiva invisibilizada – circular em espaços dominados por um modo hegemônico de ser/existir/ouvir/viver na forma de novas imagens e novos pontos de vista. Lutas que produzem, portanto, constantes desplazamientos como formas de insurgências desde abajo.