Resumo:
Esta tese tem como objetivo identificar as condições existenciais para a experiência moral a partir da filosofia de Martin Heidegger, evidenciando a necessidade de se conceber um fundamento ontológico para o agir ético. Uma vez que Heidegger situa a ética na esfera ôntica, argumenta-se que, prévia à ética, há uma instância ontológica, que ao mesmo tempo estabelece as condições e os limites a partir dos quais o agir ético se faz possível. E na medida em que a analítica existencial passa a ser concebida como uma instância prévia à moralidade, o agir ético passa a ser compreendido a partir de um fundamento ontológico originário, como resposta do próprio Dasein à tarefa de existir. Em um primeiro momento, é abordada a conversão interna da ontologia fundamental em uma metaontologia, indicando a metafísica da existência como o domínio no qual a questão de uma ética pode ser tratada a partir da filosofia heideggeriana. Uma vez que a metaontologia possibilita a problematização das ontologias regionais, é no domínio do perguntar metaontológico-existenciário que a ética pode vir a ser tematizada à luz da ontologia fundamental. A seguir, busca-se estabelecer uma relação da ética com a ontologia, evidenciando a analítica existencial como uma instância pré-reflexiva, prévia à
moralidade. As situações éticas surgem sempre ao Dasein fático, motivo pelo qual a reflexão filosófica precisa ser capaz de abarcar as particularidades nas quais o Dasein singular está desde sempre lançado. Ao final, busca-se sustentar que, na forma como Heidegger compreende o agir ético, este possui um fundamento ontológico originário, o qual diz respeito a um modo de ser, ao como que acompanha o comportamento ético do Dasein, expresso no ser-ético-no-mundo enquanto existencial.