Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo investigar a atuação de mulheres no movimento estudantil universitário na cidade de Pelotas durante o processo de redemocratização do país, compreendendo o período entre 1977 a 1985. Desde os primeiros momentos da concretização do golpe civil-militar, em março de 1964, os estudantes pelotenses saíram às ruas para protestar contra a situação do país. Para tanto, os militantes seguiam a dinâmica de lutas que se desencadearam em todo o país, uma vez que estavam em sintonia com o órgão máximo de representação estudantil, a UNE, e com o órgão estudantil estadual (UEE/RS). Neste contexto, o movimento estudantil configurou-se como um dos movimentos sociais mais ativos do país, ao encabeçar manifestações e protestos de resistência ao regime militar. Em consequência disso, a UNE e as principais lideranças estudantis acabaram sendo as primeiras vítimas da repressão ditatorial. Ademais, alguns anos após o golpe, percebemos o recrudescimento da repressão aos militantes de grupos de esquerda que faziam oposição ao governo. Porém, foi no ano de 1968 que as lutas estudantis contra a ditadura se intensificaram, bem como por melhorias no ensino, sobretudo no ensino superior. Assim, numa tentativa de cessar com as agitações “subversivas”, os militares editaram o AI-5, que previa, entre outros aspectos, a proibição de atividades ou manifestações de cunho político. Em 1977, o movimento estudantil começa se rearticular em todo Brasil. Na cidade de Pelotas, o ano foi marcado pela luta contra o Pacote de Abril e acabou resultando na prisão de um estudante durante uma manifestação. Ao longo do período compreendido na pesquisa, várias manifestações ocorridas na cidade foram lideradas pelos estudantes. Diante do exposto, essa pesquisa busca, amparada pela história oral, refletir, através das memórias de atuação de ex militantes do movimento supracitado, acerca da inserção feminina em espaços majoritariamente masculinos, bem como discutir as posições que as mulheres ocupavam no seio deste movimento. Ao fazer a análise das entrevistas e de outras fontes pertinentes, fica evidente que o preconceito de gênero estava presente neste movimento, já que nenhuma mulher, ao longo do período trabalhado nesta pesquisa, ocupou uma posição de destaque.