Resumo:
A presente tese se propõe a desvendar parte do imaginário subversivo divulgado pelas páginas de determinadas publicações da imprensa anarquista e anticlerical espanhola, argentina e brasileira, entre os anos de 1897 a 1936, totalizando catorze publicações distintas. Assim, este estudo também comunga com os pressupostos da chamada história transnacional e demonstra, no seu desenrolar, que as publicações dessa imprensa alternativa, apesar das distâncias geográficas significativas e das dificuldades de manutenção que apresentavam, estavam em constante contato umas com as outras, estabelecendo laços de solidariedade, possibilitando a ampla circulação de artefatos culturais e, consequentemente, a constituição de um imaginário combativo e próprio. Imaginário esse que é forjado e aqui revelado através da observação de elementos centrais da arte de protesto: poesias, imagens e contos. Ao desvendar tal imaginário também se está tentando recuperar o percurso realizado por determinadas imagens, suas rotas de circulação e sua apropriação, permanência e alterações na referida imprensa. Com esses objetivos em vista, a tese se centrará na análise de duas temáticas principais para a criação e manutenção desse repertório imagético: o anticlericalismo e o evento datado do 1º de Maio, o qual se constitui na principal data do calendário dos trabalhadores e permite o estabelecimento de um universo simbólico próprio. É possível observar em cada temática a prevalência de certas ideias-imagens e sua constante repetição, permanência e relativa modificação, marcas essenciais de qualquer imaginário, seja esse subversivo ou hegemônico na sociedade, bem como o caráter de complementariedade existente entre o conteúdo textual e o conteúdo visual desse imaginário, uma vez que ambas dimensões discursivas se reforçam e reafirmam mutuamente.