Resumo:
A Dissertação objetiva compreender como os discursos sobre aprendizagem se apresentam e se articulam no período de 1944 a 1964, recorte que engloba as gestões Lourenço Filho/Murilo Braga (1944/1951) e Anísio Teixeira (1952/1964) à frente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP). Entendendo que a naturalização e a individualização dos processos de aprendizagem, aliado ao esmaecimento das práticas de ensino, constitui o presente, buscou-se compreender elos desta constituição na história educacional contemporânea do Brasil. Para tanto, recorreu-se à materialidade da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), uma vez que esta publicação centraliza a veiculação oficial do discurso pedagógico renovador, marcado por influências estrangeiras de reconstrução educacional a partir das concepções do movimento da Escola Nova. Para descrever como diferentes campos de saber, articulados entre si, constituíram os discursos sobre a aprendizagem nesse momento histórico específico, utilizou-se a ferramenta conceitual do discurso. Na análise da materialidade empírica, foram mapeadas 96 revistas que compreendem o recorte histórico delimitado. Deste total, foram utilizados 14 artigos da sessão Ideia e Debates da RBEP, a partir dos quais foi possível construir três categorias analíticas, denominadas de tendências dos discursos sobre aprendizagem: 1) aprendizagem para aprimoramento individual; 2) aprendizagem para ajustamento social; 3) aprendizagem como experiência. A partir disso, sustenta-se que o movimento escolanovista introduz diferentes compreensões acerca da aprendizagem visando uma renovação educacional no Brasil. Entretanto, tais apreensões não descartavam um tipo de condução pedagógica intencional, diferentemente das atuais tendências pedagógicas, fortemente marcadas pela naturalização e individualização da aprendizagem.