Resumo:
Os estudos relacionados à cultura escrita e aos impressos cotidianos vêm, sistematicamente, assumindo um espaço significativo na produção historiográfica. Esta pesquisa tem como foco o Almanack da Parnahyba e a leitura que se pode fazer da educação em suas páginas com o objetivo de identificar e compreender os discursos e/ou representações produzidas acerca da educação em um período de edição ininterrupta entre 1924 e 1982, num total de 58 edições. O tema educação foi analisado sob duas perspectivas: educação como processo civilizador e educação formal e escolarizada. A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos da História Cultural, embasada, sobretudo, nos conceitos de Chartier, Brotel, Le Goff. O Almanack foi localizado em arquivos públicos e particulares, a imersão em suas páginas possibilitou construir determinados aspectos da educação no Piauí e em Parnaíba, singulares ou comuns ao restante do País. Pode-se perceber, a partir da análise do periódico, as características de sua materialidade e circulação, que permitiram identificar sua constituição e os espaços em que circulou. Observou-se que, durante o período estudado, esse Almanaque atuou, direta ou indiretamente, como um manual civilizador ancorado em um processo de modernização urbanista e higienista. Também, foram identificadas representações, por parte de seus colaboradores, no que diz respeito à educação formal e institucionalizada o que proporcionou uma análise do imbricamento de diversos autores com o sistema político e educacional vigente. Enfim, acredita-se que se cumpriu o objetivo desta pesquisa ao entranhar-se nos discursos dos colaboradores do Almanack, senão em todo, pelo menos às representações referentes à construção de um processo de civilidade e/ou a sistematização sobre a educação institucionalizada em Parnaíba e no Piauí.