Resumo:
Nesta pesquisa analisou-se o contexto, o desenvolvimento e os desdobramentos do Curso em Execução, Conservação e Restauro de Edificações-PROEJA, realizado no Câmpus Pelotas do Instituto Federal Sul Riograndense, cujo projeto político-pedagógico foi construído na perspectiva de uma formação emancipatória. O objetivo foi compreender seu processo, desde o planejamento até seus resultados, para averiguar as possibilidades de processos escolarizados, na concretude de seu cotidiano, se constituírem como promotores do desenvolvimento da consciência crítica dos educandos e, a partir dela, de sua emancipação e autonomia, como condição à participação desses sujeitos na transformação social que supere o capitalismo e aponte para relações baseadas em princípios de igualdade, justiça e sustentabilidade das relações entre as pessoas e delas com o planeta. Constituiu-se como um estudo de caso articulado a pressupostos da pesquisa participante, já que a pesquisadora atua no Curso desde seu planejamento e, a partir da pesquisa, buscou criar espaços de construção coletiva dos sujeitos que o compõem, com reflexões, análises e proposições voltadas à qualificação de seus processos. As análises foram desenvolvidas a partir de três conceitos chave: consciência, emancipação e autonomia, complementados por outros, como: hegemonia, contradição, reprodução, resistência, poder. Foram subsidiadas pelos registros da observação participante e por manifestações de professores, gestores e alunos egressos do Curso, contrapostos a referenciais teóricos, em especial, do campo Trabalho e Educação. Concluiu-se, especialmente frente à escuta dos alunos egressos e à observação sobre suas manifestações e práticas, que é possível, e necessário, a implementação de propostas pedagógicas emancipatórias em escolas públicas as quais, apesar de se constituírem em espaço de reprodução do projeto social hegemônico, pelas contradições que afloram em seus processos, são também espaços de resistência e, para além dela, de avanços, contribuindo para a construção da consciência crítica e emancipação dos educandos. Esses resultados, no entanto, dependem de um conjunto de fatores que vão da macro a micro política, mas, fundamentalmente, estão atrelados à condição de autonomia e emancipação de seus agentes – especialmente, professores e gestores. Ao mesmo tempo, precisam ser referenciados às condições de origem de todos os seus partícipes.