Resumo:
O presente trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar as teses de doutorado produzidas em programas de pós-graduação em educação, no período de 2000-2010, a respeito da educação e sua relação com as questões étnico-raciais, com o intuito de perceber os possíveis sentidos oriundos dos enunciados destas teses. Parte-se do pressuposto que a partir da promulgação da lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de educação básica, os interesses pela temática nos programas de pós-graduação apresentaram um considerável aumento, contudo nos interessa perceber a forma como esses trabalhos estão se construindo, uma vez que a construção do conhecimento é oriunda de um campo de tensionamentos que é a academia. Assim, a relação entre saber e poder se faz presente e estabelece barreiras epistemológicas que se constituíram ao longo da história brasileira. A pesquisa se fundamenta nos pressupostos teóricos do Círculo de Bakhtin, sobretudo na concepção de dialogismo, pois os discursos destas teses só podem ser compreendidos quando apreendidos a partir da interação sujeito-autor, enunciado e condições sócio históricas. Os resultados da presente ação investigativa demonstram como as rupturas epistemológicas são difíceis de promover mudanças nas crenças, valores e, automaticamente, nas práticas pedagógicas. As teses analisadas remetem à essa dificuldade e se tornam porta-vozes de uma luta iniciada pelos movimentos sociais ao longo da história brasileira e que se mantém viva na atualidade. Os discursos destas teses se mostraram, para além de textos científicos, verdadeiros manifestos em prol de uma sociedade em que a igualdade racial seja uma premissa verdadeira.