Resumo:
A tese apresenta a análise dos processos envolvidos na constituição da docência, ou dos modos de ser docente, dos anos iniciais da educação básica brasileira, em um projeto desenvolvido na região sul do Brasil, vinculado ao primeiro programa brasileiro de iniciação à docência – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Na articulação entre os Estudos Foucaultianos e os Estudos sobre a Docência, buscou-se compreender os processos de subjetivação implicados na experiência de tornar-se professor(a), considerando a inserção de práticas de iniciação à docência na formação inicial. Os materiais foram selecionados a partir de um conjunto de documentos, entrevistas, questionários e diários de campo produzidos pelos sujeitos participantes do Pibid em um curso de Pedagogia. Para responder a pergunta “Quais práticas participam do processo de tornar-se professor(a) dos anos iniciais da educação básica e quais modos de ser docente elas produzem a partir da proposta de iniciação à docência do Pibid?”, partiu-se da compreensão da docência como uma matriz de experiência (saber-poder-ética), fazendo-se uso das ferramentas teórico-metodológicas da governamentalidade e da subjetivação como operadores analíticos. Com esses encaminhamentos teórico-metodológicos, defende-se a tese de que o Pibid, no recorte analisado, ao articular a formação compartilhada entre universidade e escola, produz um modo de ser professor(a), uma docência virtuosa que conjuga os modos comprometida, tática e interventora. Mostra-se que a subjetividade docente é produzida por uma matriz de experiência colocada em operação nas práticas de iniciação à docência - expressas e movimentadas por essa docência virtuosa. Também é possível argumentar que o pibidiano, quando incorpora aos seus modos de ser uma postura problematizadora, tem possibilidade de criar outros modos de constituir-se e de relacionar-se com as verdades que se lhe apresentam, outras formas de tornar-se professor(a), outros modos de ser sujeito da docência.