Resumo:
Este estudo tem como foco o cotidiano de uma escola situada na periferia das periferias, nesta que é a Sociedade de Consumo Líquido-Moderna. A investigação, de tipo etnográfico, está fundamentada, principalmente, na obra de Zygmunt Bauman, Boaventura Santos e Milton Santos. O exercício analítico empreendido sobre o material de pesquisa mostrou que, naquele contexto: a) os profissionais da escola, de um modo geral, atuam como agentes de conformação social. Afastados das escolas centrais, via atos administrativos lícitos, agem em conformidade com a demanda diferenciada de excedentes que o sistema capitalista necessita para sua manutenção; b) relações dentro da escola, marcadas por preconceitos e discriminações, controlam a movimentação dos estranhos ao consumo, fortalecendo a geoexclusão; c) mesmo que, do ponto de vista formal, o projeto político-pedagógico da escola atenda aos princípios definidos na Constituição Brasileira promulgada em 1988, tais princípios não se efetivam no cotidiano escolar, marcado pela “pobrefobia”; d) se instaura, em um gradiente de intensidade, a Pedagogia do Destino.