Resumo:
A dissertação tem como objeto de estudo práticas de desempoderamento docente em curso na escola contemporânea. Baseada nas contribuições teóricas de Contreras, Foucault, Nóvoa, Tardif, Lugli e Vicentini, o estudo teve como objetivos: a) identificar o funcionamento de práticas de desempoderamento docente no cotidiano da escola e investigar como essas práticas são entendidas pelos professores; b) analisar como essas práticas vêm sendo incorporadas ao contexto escolar. A investigação que deu origem a esta dissertação foi desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa em que foram entrevistados nove professores de escolas públicas em efetiva regência de classe e com tempos diferenciados de docência, através da técnica da entrevista semi-estruturada. As análises foram desenvolvidas ao redor de cinco eixos principais – 1) saberes docentes e competência profissional; 2) reuniões pedagógicas e ação docente; 3) contexto escolar e valorização docente; 4) processos avaliativos e docência; 5) autonomia docente – e apontam evidências desse processo de desempoderamento a que se veem submetidos as professoras atuais, além de colocarem em relevo evidências de que as professoras vêm exercendo sua profissão de modo individualizado e pouco cooperativo, o que indica a necessidade de mudanças nas formas de organização desses profissionais. Como contribuições à reflexão no campo da formação de professores são delineadas intenções de resistência por parte dos docentes como coletividade para o resgate da autonomia e do poder docente inerente ao exercício de sua profissão. Finalmente, são apontados alguns desafios a serem enfrentados pelos docentes enquanto coletividade e responsáveis socialmente pelo ensino, como o fato de estabelecerem com a sociedade uma relação de divulgação a respeito do trabalho docente para que assim um movimento de valorização e reconhecimento comece a se instaurar no cotidiano escolar.