Resumo:
A tese tem sua gênese na trama da complexidade das relações humanas. Busca-se analisar as relações de emancipação coletiva, como também as ambiguidades que ocorrem numa associação de mulheres (Associação Mundo +Limpo) e na sua relação com outras instituições. A metodologia escolhida, a Sistematização de Experiência, perpassou todo o trabalho. Nos diferentes vínculos apontam-se silêncios como resistência a determinadas práticas, assim como estratégias de convivência e trabalho que foram refletidas vitalmente e com a colaboração de diferentes indicadores sociais e ambientais. O processo de Sistematização de Experiência, desenvolvida durante dois anos (2010-2012), visibiliza fragilidades e fortalezas que ocorrem e são cultivadas no cotidiano das relações locais e globais. A perspectiva teórica está baseada em noções de Michel de Certeau e Paulo Freire, contemplando a complexidade antropológica “do caçador furtivo e da esperança” e fugindo do misticismo ou da passividade da desesperança. Um dos resultados da pesquisa é a apropriação da metodologia escolhida, que é formativa e permite recolher e repensar práticas cotidianas, sendo um caminho metodológico que se movimenta a partir do interior de esquemas, conceitos e atitudes dos próprios espaços, oportunizando afirmações e críticas. O registro escrito permite que outras práticas possam ser sistematizadas, aproximando a realidade da sua complexidade. O fato de a pesquisa ser participativa faz com que pessoas, não habituadas a esta prática, possam dar-se conta da riqueza da reflexão sobre o seu cotidiano de trabalho e de relações. A pesquisa pretende colaborar com pesquisadores/as, assessores/as que estejam dispostos a fazer trilhas de resistência ao individualismo capitalista que fragmenta os saberes e deixa na invisibilidade práticas coletivas que necessitam ser refletidas.