Resumo:
O desenvolvimento do ensino privado no Brasil e de modo especial na região do Extremo Oeste do Paraná foi o cenário da pesquisa que teve como temática investigativa as trajetórias de desenvolvimento profissional dos docentes nas Instituições de Ensino Superior Privado (IESP). O estudo lançou um olhar sobre as condições de trabalho e as possibilidades dos docentes fazerem carreira nessas Instituições. O intuito foi compreender as condições de trabalho e as trajetórias profissionais que os docentes percorrem em suas carreiras, além de entender as causas da rotatividade dos docentes nesses percursos. O que os atrai para essa profissão? Como as condições de exercício profissional impactam suas trajetórias e o trabalho acadêmico que realizam? Como as trajetórias de desenvolvimento profissional dos docentes nas IESP do Extremo Oeste do Paraná se constituem em um lócus de carreira? Em termos metodológicos, o estudo assumiu os princípios da História Oral pelas características das trajetórias e do desenvolvimento profissional a partir da coleta dos depoimentos gravados. Foram ouvidos dois grupos de entrevistados – três gestores e nove professores de três IESP da região do Extremo Oeste paranaense. Os dados foram organizados nas seguintes categorias: Gestores – a) Constituição das IESP; b) Projeto Institucional; c) Investimentos em formação docente; d) Recrutamento e condições de trabalho. Docentes – a) Motivações, trajetórias e deslocamentos; b) Políticas institucionais e desenvolvimento profissional; c) Saberes e formação continuada; d) Expectativas profissionais. Os aportes teóricos foram baseados, principalmente, em autores como Calderon e Lourenço (2009), Cunha e Veiga (1999), Cachapuz (2002), Akkari e Tardif (2011), Costa (1995), Villas Boas (2004), Balzan (2006), Almeida (2008), Freitag (2007), Giolo (2006), Vidal (1998), Contreras (2002). Os achados mostram a precariedade das condições das IESP para favorecer o desenvolvimento profissional almejado pelos professores, o que contribui para a rotatividade e o pouco investimento na carreira. Mesmo assim suas trajetórias explicitam avanços em relação ao crescimento profissional e pessoal, frutos muito mais de ações individuais do que de investimentos 9 institucionais. As políticas institucionais são frágeis e pouco contemplam programas de formação continuada, responsabilizando o docente por essa condição. A precarização se manifesta pela procura de novas oportunidades de trabalho e/ou por certa acomodação às condições vivenciadas, sem ampliação de horizontes profissionais. O gosto pela profissão, entretanto, parece ser uma das condições subjetivas que explicam a opção dos professores por permanecer na profissão.