Resumo:
O objeto de estudo desta investigação foi a formação continuada de professoras educadoras sexuais e teve como objetivos: compreender o percurso formativo de professoras brasileiras e portuguesas no envolvimento com as temáticas sexualidade e educação sexual; analisar as concepções e os saberes docentes destas professoras acerca das manifestações sexuais ou da sexualidade que acontecem nos segmentos educacionais em que atuam; compreender como as professoras têm feito suas intervenções pedagógicas frente as manifestações da sexualidade de crianças, adolescentes e adultos. Para tal, a pesquisa ancorou-se nos pressupostos da pesquisa qualitativa e foi realizada com quatorze professoras. Sendo nove em processo de formação continuada e mais cinco formadoras. Foram utilizados três instrumentos para a coleta de dados: Grupo Dialogal e questionário com as professoras em processo de formação continuada, e entrevistas semi-estruturadas com as professoras formadoras, cujos textos serviram de apoio teórico para as reflexões suscitadas. Partiu-se da tese de que os saberes que tem referenciado as práticas pedagógicas de professores e professoras tem sido a sua própria sensibilidade e intuição para situações que envolvem a sexualidade e muito pouco tem vindo das instituições formadoras, embora a formação continuada apresente-se como uma potente alternativa possibilitadora da qualificação da prática docente. Entre as principais referências teóricas encontram-se Nóvoa (1995; 2000; 2002; 2005), Freire (1974, 1978, 1980, 1982, 1985, 1987, 1992, 1996, 1997, 2001, 2006, 2006b, 2009), Pimenta (1999; 2002), Tardif (2007), Garcia (2000), Figueiró (1996; 2006; 2007; 2009; 2009b), Streck; Redin e Zitkoski (2008), Arroyo (2002; 2004; 2008), Melo e Pocovi (2002), Nunes (1996, 1997, 2006) e Ribeiro (1990; 2004). A análise dos dados deu-se a partir da análise de conteúdo, apoiada em Laurence Bardin (2000), onde contemplou-se as dimensões que circundaram as falas das participantes na pesquisa. Concluiu-se: que a formação docente não pode ser pensada como uma tarefa isolada, desvinculada da realidade em que atuam estas professoras; que os cursos de formação precisam ser mais do que o lugar de aquisição de técnicas e de conhecimento - a formação de professores(as) é o momento-chave da socialização e da configuração profissional, e ainda, que a aprendizagem profissional da docência está relacionada com as vivências e as experiências que perpassam os movimentos de vida que constituem as professoras como sujeitos, considerando a história de cada uma.