Resumo:
P.F. Strawson (1919-2006), filósofo analítico e professor na cátedra Waynflete de Filosofia Metafísica em Oxford, tornou-se muito influente nas discussões sobre a responsabilidade moral, especialmente por causa de seu famoso artigo Liberdade e ressentimento, no qual ele dialoga com duas posições, a saber, os pessimistas e otimistas (grosso modo, incompatibilistas e compatibilistas), que diferem em relação à validade das práticas de castigo, condenação e aprovação moral, a partir da centralidade da tese determinista. Portanto, assim como proposto pelos dois partidos, os termos da discussão centralizam-se na responsabilidade, liberdade e determinismo. No entanto, Strawson quer analisar a questão em um outro terreno, que ele denomina como o “campo das relações não distanciadas”. Ele, a partir desse campo comum das relações, argumenta que o problema está na possibilidade de se conhecer algo como uma tese geral do determinismo. Para expor o que defende ser um problema mal compreendido em seu contexto analítico, Strawson escreveu dois artigos: Liberdade e ressentimento (1960) e Moralidade social e ideal individual (1961). Neles o filósofo londrino expõe tudo o que tem a dizer sobre o tema da moralidade. A presente dissertação tem como objetivo explicitar a ligação entre ambos os artigos de Strawson à luz de sua concepção filosófica, permitindo, assim, a correta abordagem sobre o que ele defende ser o campo das relações não distanciadas, e qual é a lacuna que ele identifica em ambos os partidos. O método de pesquisa será por meio de análise bibliográfica das seguintes obras: Liberdade e ressentimento, Moralidade social e ideal individual, Análise e Metafísica: uma introdução à filosofia e Ceticismo e naturalismo: algumas variedades. As análises permitem afirmar que Strawson está interessado em fixar um problema subjacente à relação humana, e isso é o resultado de sua posição filosófica, que tem por efeito a reconsideração (reinterpretação) dos problemas históricos da filosofia. Portanto, ambos os artigos são partes de um único movimento, que é considerar a responsabilidade moral como uma complexa relação triádica (epistemologia, ontologia e lógica). Em síntese, pode-se indicar que a tese das atitudes reativas insere uma reinterpretação metafísica à questão da responsabilidade, e que o autor se utiliza de dois termos, a saber, atitude e reação, com o objetivo de explorar a pressuposição conceitual inadequada que pessimistas e otimistas imprimem à discussão sobre a moralidade.