Resumo:
A referida tese tem como objetivo analisar a trajetória da personagem Maria Aragão, que atuou como médica e militante do Partido Comunista no estado do Maranhão no século XX. Propõe-se a pesquisar a história de uma mulher a partir de um local social inscrito na trajetória de vida marcada pelo desejo de transformação social e cultural. Enquanto mulher e de origem pobre, Maria Aragão, nascida no interior do Maranhão, entrou para o curso de medicina na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, formando-se em 1942. No ano de 1945, filiou-se, ainda na capital do Brasil, ao Partido Comunista Brasileiro – PCB, retornando para o Maranhão para dirigir o partido, tornando-se uma das principais lideranças da esquerda. Durante a ditadura civil-militar, foi perseguida, presa e torturada. Seu histórico foi marcante pela luta por justiça social, defesa dos direitos das mulheres e fortalecimento da democracia. As fontes desta tese são de origem variada: depoimentos de Maria Aragão, documentário a respeito dela, jornais de meados do século XX e documentos da repressão (DOPS). A pesquisa situa-se no campo da história social e se inspira em algumas questões metodológicas da micro-história, tendo o nome “Maria Aragão” como fio condutor para alcançar uma compreensão holística das diferentes situações que podem ser percebidas a partir de uma vida. Conceitos como trajetória, na perspectiva de que a mesma não pode ser única ou fechada; memória, tendo em vista que pode ser tanto individual quanto coletiva, pois estamos evidenciando uma personagem em seu lugar social; bem como o feminismo, como mudança cultural de comportamento que vai sendo apresentado por caminhos tortuosos. Maria Aragão lutou para quebrar paradigmas em uma sociedade machista e preconceituosa, precisando criar uma rede de relações para que alcançasse êxito no campo profissional e político e se inscrevesse na história do Maranhão.