Resumo:
O debate sobre os significados da secularização e o lugar das religiões na esfera pública moderna é o objetivo central desta investigação. Para tal, se reconstituiu inicialmente elementos teóricos elucidativos sobre o tema a partir dos pensamentos de Jürgen Habermas e Charles Taylor. A partir daí tomei como aporte para justificação de minha avaliação e posição no referido debate, a noção de cidadania complexa aportada por Adela Cortina como interpretação complementar às posições dos filósofos mencionados acima na discussão filosófica em pauta. Neste contexto, a questão que move minha argumentação nesta pesquisa é a seguinte: quais são os significados da secularização e o lugar das religiões na esfera pública moderna à luz de Habermas, Taylor e Cortina? Para tanto, num primeiro momento, procurou-se reconstruir algumas premissas gerais constitutivas dos significados da secularização e do lugar das religiões na esfera pública no âmbito da tradição cultural secular da modernidade ocidental. Em seguida, apresentou-se a análise da posição de Habermas sobre a constelação e o significado do lugar das religiões na esfera pública pós-secular moderna. Adiante, reconstruo o argumento, sobre o significado de se viver numa era secular e qual seja o lugar das religiões na esfera pública moderna, segundo Taylor. Na sequência, busco compreender a posição de Cortina sobre a sua concepção de sociedade secular e o lugar das religiões na esfera pública dentro do diapasão conceitual de cidadania complexa. Por fim, estudo especificamente às implicações éticas sobre o lugar das religiões na esfera pública moderna (pós) secular, cotejando as nuances das posições de Habermas como tradução dos potenciais conteúdos semânticos das linguagens religiosas, para os modelos de linguagens seculares. Procuro adiante entender a posição de Taylor sobre a plenitude como sentido designativo da vida numa era secular. E, por fim, explicito a posição a qual eu me associo conceitualmente no debate que é a proposta da ética civil em face das fontes religiosas, tendo como base a perspectiva da concepção de cidadania complexa com o objetivo de defender que tal noção, se apresenta como o modo mais adequado, hoje, de se interpretar os desafios de constituição da forma de vida cidadã complexa na coexistência entre agentes religiosos e seculares, diante do fenômeno conflituoso do pluralismo cultural e moral existente nas democracias contemporâneas da modernidade ocidental secularizada.