Resumo |
Durante minha trajetória pedagógica nas escolas de educação infantil, algumas práticas me incomodavam, tornavam o trabalho cansativo e pareciam não fazer sentido para as crianças. A rotina de ter que fazer um planejamento que coubesse no tempo da escola e não no tempo da criança, propondo atividades nas quais não há tempo para que elas pudessem explorar os materiais oferecidos, com um tempo mais alargado, causava estresse nas crianças e, até mesmo, nas professoras. Práticas essas, inimigas da experiência e dos direitos de aprendizagem das crianças na educação infantil, contribuíram para que eu buscasse outras práticas que fizessem sentido para as crianças. Percorri alguns caminhos viajantes, nos quais pude conhecer escolas em São Leopoldo, Florianópolis e Novo Hamburgo que valorizam a infância e o tempo da criança. Nesses caminhos, analisei os conceitos de experiência por Jorge Larrosa, Walter Benjamin e John Dewey, que me ajudaram na busca de uma vida infantil menos apressada. Acrescento a essa minha análise o estudo da Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil (2017) e, por fim, compartilho as minhas inquietações com três professoras que se propuseram a olhar suas práticas cotidianas à luz dos autores citados a partir das proposições de “parar para olhar”, de “ter sensibilidade no olhar” e de “tentar desacelerar”, para que a experiência seja vivida e, ao permitir esse viver, as crianças sejam tocadas. Na tentativa das proposições que envolvem novos olhares, sensibilidade e uma busca pela desaceleração do cotidiano infantil nas escolas de crianças pequenas, aconteçam possibilidades de criação e transformação.; |