Resumo |
Vivemos no mundo do eu, na era do narcisismo. Os comportamentos narcisistas estão cada vez mais próximos, nos rodeando. A obsessão pelas selfies, a autopromoção, o desejo do olhar do outro, o belo e a vaidade, encontrados no mundo virtual, são buscas pelas quais o sujeito está implicado. Nesse exibicionismo privilegia-se o jogo pulsional do ver, ser visto e fazer-se ver. E o seu objeto é ver a angústia no olhar do outro. A neurose e a histeria do séc. XX deram lugar ao culto ao indivíduo e sua busca pela imagem de sucesso pessoal.
As redes sociais eram, basicamente, para se publicar assuntos ou coisas positivas, exigindo uma considerável dose de cultivo da imagem, onde não é permitido parecer triste ou mal arrumado. Com isso, descobriu-se uma brecha, socialmente aceitável, de se publicar as selfies narcísicas. O sentimento é comum: de tolerância, de mesmice e de comentários semelhantes. Em um perfil, só se mantém fotos com muitos likes. Se menos, ou nenhum like, são deletadas. A imagem narcísica está em jogo. Esse fenômeno contemporâneo de busca por esse olhar, por essa aprovação do outro tem um forte entrelaçamento com o fenômeno do narcisismo. O outro é equipado para dar apoio e valoração. Esse eu, possivelmente, está enfraquecido, não está devidamente confiante em si mesmo e não tem a capacidade de se confrontar com o outro. Na sociedade contemporânea, o comportamento narcisista está em expansão, não só entre os jovens e adolescentes, mas em qualquer sujeito que tem acesso às redes sociais, mostrando um padrão de grandiosidade e uma
necessidade cada vez maior de admiração e falta de empatia pelo outro. 7 Através do estudo analítico de Freud e Lacan, buscaremos abordar algumas respostas, tendo a pesquisa basicamente de proporções bibliográfico-teóricas. Colocamo-nos então a questão: a prática de relacionamentos no mundo virtual e a posição de isolamento no cotidiano do sujeito podem ser efeito da forma de constituição do narcisismo?; |