Resumo |
O trabalho pretende aprofundar o debate em torno da educação integral e de práticas avaliativas condizentes com essa modalidade de ensino. Para tanto, propõe-se discutir as ideias contemporâneas acerca do papel da escola na sociedade. Tais ideias, apoiadas em um discurso da “crise da educação”, propõem como forma de superar essa suposta crise a flexibilização e enfraquecimento do papel do professor em favorecimento dos “focos de
interesses dos estudantes”. Essa discussão teórica apoiar-se-á nos fundamentos metodológicos marxistas do materialismo histórico dialético - onde se parte do concreto expresso nas relações econômicas, sociais e espaciais, considerando que este é uma construção histórica e que é formado por relações dialéticas em constante movimento - com vistas a problematizar como essa visão do papel da educação escolar coaduna com a lógica do mercado e da educação como mercadoria, colocando até mesmo em risco o caráter teleológico da educação escolar, uma vez que a coloca no mesmo nível das aprendizagens
cotidianas não direcionadas. Apoiado nas ideias de YOUNG (2007), de que o papel da escola é a transmissão aos estudantes dos “conhecimentos poderosos” e da importância dos mesmos para a sociedade e constituição dos indivíduos e, na proposta de Escola Unitária de Antonio Gramsci, discute-se o papel da educação escolar com vistas à proposição de um modelo diferenciado de educação integral. Inicialmente, apresentamos a desconstrução e
problematização de propostas e práticas de educação integral que consideramos equivocadas em sua perspectiva e, em seguida, partindo dos conceitos de “sermais” Paulo Freire), “homem novo” (Che Guevara), “cidadão em geral” (Antonio Gramsci) e do humanismo social cristão, presente no Projeto Educativo Comum da Rede Jesuíta de Educação, propõe-se um modelo de educação integral que coaduna com uma ideia de formação integral dos indivíduos na práxis, açãoreflexão, como uma forma de superação da alienação capital-trabalho através de uma educação alinhada com uma transformação mais ampla de toda a sociedade. Por fim, o trabalho problematiza as práticas avaliativas escolares
somativas e punitivas, propondo, através da retomada do conceito diagnóstico e formativo das avaliações, presentes em Cipriano Luckesi (2002), Ocimar Munhoz Alavarse (2009), Sousa (1997), Esteban (2001) e Klein (2013), um 6 processo avaliativo contínuo dos estudantes que garanta o direito à aprendizagem, frente ao fracasso escolar, e, consequentemente, contribua para o processo de uma formação integral dos indivíduos.; |