Resumo |
Este artigo investiga as aproximações entre a pedagogia inaciana, fundamentada nos princípios de Santo Inácio de Loyola, e a pedagogia freireana, formulada por Paulo Freire, a partir de uma crítica comum à mercantilização da educação e ao modelo da educação bancária. A pesquisa utiliza abordagem bibliográfica e estudo teórico-reflexivo para mapear como ambas as tradições, embora oriundas de contextos históricos e epistemológicos distintos, convergem na defesa de uma educação humanizadora, dialógica e transformadora. Inicialmente, o trabalho explora os fundamentos da educação jesuíta, destacando a centralidade da formação integral, do discernimento e do compromisso com a justiça social. Em seguida, são retomados os principais conceitos de Paulo Freire, especialmente a crítica ao ensino autoritário e mecanizado que reduz o aluno a mero receptor passivo de conteúdos. Na sequência, realiza-se uma análise de documentos recentes da Rede Jesuíta de Educação, identificando como a palavra “mercado” aparece nos textos e apontando as críticas institucionais à lógica neoliberal e
performativa que invade o campo educacional. O estudo demonstra que, apesar das
afinidades entre as pedagogias analisadas, existem diferenças quanto à intensidade
e à contundência das críticas ao neoliberalismo, sugerindo que a pedagogia
inaciana, enquanto proposta institucional, enfrenta desafios particulares para
manter-se fiel à sua missão transformadora em um ambiente educacional altamente
competitivo. Por fim, propõe-se a ampliação das análises para além dos
documentos oficiais, escutando as práticas e percepções dos sujeitos escolares que
vivenciam essas tensões cotidianamente.; |