Resumo |
O presente trabalho tem como objetivo mapear, descrever e analisar os processos de constituição da profissionalidade de docentes homossexuais e analisar os pressupostos de gênero e sexualidade que conformam suas profissionalidades. A investigação foi realizada com quatro homens professores gays e uma mulher professora lésbica, em efetivo exercício docente – apenas dois ainda não formados –, em escolas públicas e privadas da região do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. Para compor o material empírico da pesquisa utilizou-se a entrevista narrativa como procedimento metodológico. Buscando apoio nos Estudos de Gênero, nos Estudos Queer e na teoria Pós-Estruturalista, foi possível identificar três processos de constituição da profissionalidade de docentes homossexuais, expressos nas seguintes categorias de análise: “Sempre tinha aquela desconfiança, aquele medo...”: a produção da docência ex-cêntrica; “Tu podes isso, tu não podes aquilo”: uma docência reprimida? “Meu olhar é diferente”: profissionalidade docente homossexual. A partir das análises foi possível mostrar como gênero e sexualidade atravessam e dimensionam a docência homossexual, mais especificamente a profissionalidade. Ao mesmo tempo, percebeu-se a possibilidade de deslocamento de uma docência considerada ex-cêntrica, ou ainda, uma docência reprimida, para uma docência interpelada pelos discursos inclusivos que criam condições para pensarmos a constituição de um ethos profissional inclusivo. Um ethos profissional inclusivo que se forma na medida em que ao (re)significarem as experiências – sejam elas consideradas positivas ou negativas – vividas na infância e no exercício da docência, esses professores e essa professora ao se relacionarem consigo mesmo e com os outros, ao se olharem no outro e se reconhecerem na diferença do outro, mobilizam outras formas de ser e exercer a docência.; |