Resumo |
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo pensar práticas possíveis de leitura e escrita como modo de vida. Propõe-se, assim, estudar relatos e experiências de filosofia com crianças do ensino fundamental em escolas públicas brasileiras, registrados e publicados na Revista Childhood and Philosophy, durante um período de 16 anos. Partindo disso, questiona-se: “de que modos a filosofia com crianças vem sendo operada em escolas públicas brasileiras a partir das publicações da Revista Childhood and Philosophy entre 2005 e 2021? Após essa investigação, foram selecionados oito artigos que relatam este tipo de experimentação. A partir de uma inspiração na análise de discurso foucaultiano, buscou-se o que aparece de regularidades e de descontínuo nas experiências publicadas. Assim, a filosofia com crianças, pensada por Walter Kohan (2000), inspirado por Matthew Lipman (1995), mostra a potência de se tomar a filosofia como prática possível do cuidado de si na infância. A fundamentação teórica desse trabalho traz uma problematização do contemporâneo ao pensar o espaço da escola pública como campo de disputas de poder e operação de tecnologias biopolíticas. Em seguida, faz a conceitualização do que se entende por filosofia como modo de vida, pensando junto com Sêneca e Foucault. E, por fim, apresenta quais as principais diferenças e convergências entre o programa pioneiro de Lipman intitulado “Filosofia Para Crianças” e o campo de estudos denominado “filosofia com crianças”. Fazendo uma investigação filosófica dos artigos selecionados na revista supracitada, percebe-se a necessidade de se promover ambientes sensíveis à escuta da voz pública das crianças e a criação de um espaço/tempo para recriação da vida, com modos de subjetivação amparados na prática do cuidado de si pelo exercício da leitura e da escrita. Mostra-se, assim, a potência de tais práticas como ferramentas de problematização das experiências das próprias crianças. Interessa-nos pensar, a filosofia com crianças como uma prática de educação filosófica com a potência para criação de ferramentas de lidação com a vida. Afirma-se, então, a força de micro resistência da filosofia com crianças ao ser operada dentro das escolas públicas brasileiras, ao problematizar os modelos de vida valorados pela governamentalidade neoliberal e reverberados nos espaços públicos.; |