Resumo |
Nesta monografia, apresentamos e discutimos as condições de saúde dos primeiros colonos e soldados que ocuparam o extremo sul da América portuguesa no século XVIII. Inicialmente, apresentamos o ensino de Medicina em Portugal e apontamos para as consequências de uma formação defasada a que estavam submetidos os médicos e cirurgiões portugueses. Na continuidade, nos detemos nas condições da prática médica na América portuguesa, destacando as trocas de saberes e as apropriações que os principais agentes de cura se viram obrigados a fazer em um ambiente bastante distinto do europeu, marcado, também, por grandes variações regionais. Considerando que privilegiamos a saúde e as práticas médico cirúrgicas no Continente de São Pedro na primeira metade do Setecentos, recorremos à biblioteca particular do Brigadeiro José da Silva Paes, fundador da cidade de Rio Grande, em 1737, que contava com 14 livros de Medicina. Dentre eles, selecionamos para análise os livros Cirurgia Anatômica Por perguntas e respostas, de Monsieur Le Clerc (1715), com tradução de João Vigier, e O Praticante do Hospital Convencido, de Manoel Gomes de Lima (1756), cotejando-os com cartas escritas pelo Brigadeiro, documentos administrativos e com a produção historiográfica existente. Para além da identificação e da análise dos saberes médicos e das práticas terapêuticas que circulavam no território do extremo sul da América portuguesa, e que foram adotadas pelos profissionais das artes de curar, discutimos, ainda, as razões da preocupação que o Brigadeiro demonstrou com a saúde de seus comandados e dos primeiros colonos, inserindo-a em um projeto pessoal de projeção política e ascensão social, que também atendia o projeto de ocupação do Brasil meridional pela Coroa portuguesa.; |