Resumo:
A escola aqui problematizada é uma possibilidade de espaço-tempo coletivo para exercícios de estudo, práticas e pensamento ao “bem comum”. As aproximações de cuidado experimentadas na escola cada vez mais devem fortalecê-la a fim de que continue a existir. Diante dessa afirmativa, a pesquisa realizada tem como problema saber: quais discursos escolares são operados nos registros escritos dos alunos estagiários dos cursos de licenciatura do IFPI no período de 2016 a 2019? A imersão analítica na discursividade sobre escola partiu de um corpus empírico: Diário de Bordo, Relato de Experiência, Relatório Reflexivo e Memorial Formativo dos licenciandos dos quatro (04) cursos de Licenciatura em Física, Química, Ciências Biológicas e Matemática, do Instituto Federal, no estado do Piauí, totalizando 32 registros escritos. Parto, desse modo, dos estudos na perspectiva do Pós-Estruturalismo, tendo como ferramenta analítica o conceito de discurso, subjetivação e cuidado de si em Foucault para problematizar a potência da escola contemporânea de ainda ser um espaço importante de aprendizado sobre o exercício do pensamento, o coletivo, o bem comum, o professor enquanto o adulto de referência, a construção dos sentidos sobre a escola no espaço do estágio docente, a articulação dos saberes específicos no espaço do estágio supervisionado na construção dos sentidos sobre a escola. Nos achados da pesquisa feita com as narrativas dos caneleiros (estagiários/as), e nesse exercício de experimentar e analisar os registros escritos, identifiquei algumas raízes discursivas e as agrupei enquanto regularidades em duas bifurcações: A – Escola Tradicional e Interesse: Disciplina e Experimento e B – Escola, Docência e Cuidado de Si. A partir dessas escritas, pude encontrar e contar os sentidos produzidos durante todo o processo formativo, nos discursos sobre escola, tal como a crítica à escola tradicional moderna, em que se esmaece o ensino em prol da aprendizagem de saber útil e acelerado, com o funcionamento do controle, que vinculado ao interesse individual dos alunos, vai constituindo outros modos de subjetivação no presente. Em outro momento, a mesma escola que é criticada por ser um ensino pouco atrativo, que não opera uma formação eficaz e eficiente, é apontada como necessária por nela, até então, se praticar o cuidado de si com foco nas questões da aprendizagem, atenção e formação dos alunos e alunas. Encerro com a boniteza de pensar a escola como ainda um espaço, em brechas, de formação para que as pessoas tenham atenção consigo, com os outros e com o mundo.