Resumo:
Ana Aurora do Amaral Lisboa (1860-1951) foi uma professora, escritora sulrio-grandense e ativista política. Natural de Rio Pardo, Ana Aurora vivenciou
capítulos importantes da história brasileira do final do século XIX e primeira metade
do século XX. Esta pesquisa busca compreender a trajetória política dessa
professora e escritora rio-pardense, notória simpatizante do Partido Liberal e Partido
Federalista gaúcho. Trabalhamos um conjunto diversificado de fontes históricas,
como relatos (auto)biográficos, correspondências, jornais, processo-crime e
inventário. Analisando o perfil socioeconômico de sua família, foi possível observar
que os Amaral Lisboa eram de uma família modesta. Conclui-se que o itinerário de
Ana Aurora no “mundo das letras”, como professora e escritora, foi alavancado pela
influência social da sua família. Em meio à guerra civil da Revolução Federalista
(1893-1895), compreendemos um evento que norteou a vida política de Ana Aurora.
Em uma ação que visava reparar a honra individual e familiar, Ana Aurora ganhou
notoriedade na política regional e, posteriormente, na historiografia, pela
escaramuça com Antero Fontoura (opositor político), gerando a abertura de um
processo-crime e uma série de confrontos midiáticos entre ambos. Utilizando a
escrita como recurso, como forma de se defender e participar do conflito civil no
estado, esse acontecimento biográfico ficou marcado na memória sobre Ana Aurora
e alavancou sua carreira como colunista política e “membra honorária” dos
federalistas. A atuação de Ana Aurora em jornais como A Reforma e Gaspar Martins
ampliou sua reputação como uma destacada maragata, atuação marcada por
tensionamentos e estratégias, sendo uma mulher que se debruçava sobre assuntos
políticos em espaços públicos majoritariamente masculinos.