Resumo:
Essa tese visa a abordar de maneira práticaas relação e orientações econômicas que o Brasil adotou durante o período inicial do regime civil-militar com a Alemanha Ocidental capitalista nas décadas de 60 e 70, seguindo a abordagem Ordoliberal e da Economia Social de Mercado (ESM) como norteadoras para pensar as questões políticas e econômicas do país.É importante ressaltar que o objetivo aqui não é declarar que a ditadura brasileira foi ordoliberal, seria um equívoco, pois foi um regime altamente estadista, mas sim acabou sendo influenciado através dos acordos de cooperação via Estado, e principalmente através dos Institutos think-tanks que atuaram junto a outros políticos e intelectuais no Brasil. Essa tese oferece um panorama dos principais acordos entre os dois países e a intermediação que houve entre osInstitutos Friedrich von Naumann e o Konrad Adenauer nesse processo. A teoria ordoliberale da ESM surgem na Alemanha no período entre guerras, sendo a revista ORDO: Jahrbuch für die Ordnung von Wirtschaft und Gesellschaft (Anuário da ordem diária e social) a principal difusora desses ideais intelectualmente. Dessa forma, se objetiva analisar como essas ideias e práticas permearam o pensamento político e econômico brasileiro transparecendo nos acordos bilaterais feitos por ambas nações no período supracitado através de uma corrente de intelectuais, pertencentes ou não à política oficial do Estado. Para esses fins, a documentação suplementar da pesquisa são relatórios de cooperação técnica e de capital presentes no Auswartiges Amt, juntamente com a documentação referente ao Brasil que se encontra no Instituto Konrad Adenauer e Friedrich von Naumann, percebendo como se orientou essa relação via Estado por um lado, e via intitutospor outro. A partir da confluência dessas ideias em tentar esclarecer melhor o que seria o chamado “modelo renano” e o de “Freiburg” se tenta observar como a política alemã se orientou e se autoprojetou sobre os países em desenvolvimento, pois acredita-se que a forma na qual as relações internacionais entre o Brasil e a RFA se articularam tem muito a ver com a maneira em que o próprio Estado alemão era guiado, ousando dizer que boa parte dos investimentos da RFA corroboraram para o chamado milagre econômico brasileiro. É, através do que revelam as fontes diplomáticas entre Brasil e Alemanha pelo meio dos sistemas e programas de cooperação, que ambas as nações acabam por estabelecerem vínculos no sentido técnico e científico, principalmente no que tange à construção de grandes obras e aos usos da energia nuclear no Brasil. Já em relação aos institutos, esses eram atrelados juntamente ao Estado, moldando-o em prol do que acreditavam ser o mais acertado em sua crença, ao mesmo tempo em que promoviam projetos e atividades sem a tutela estatal.