Resumo:
Esta tese versa sobre a violência interpessoal juvenil e as experiências individuais de conflito entre jovens e adolescentes internados na Ala de Desintoxicação do Hospital Universitário do Oeste do Paraná – HUOP. A violência interpessoal de jovens e adolescentes é uma parcela substancial do conjunto de questões que envolvem a problemática da violência juvenil. A tese demonstra que a resposta não pode estar atribuída somente ao limiar dessa relação violência interpessoal juvenil e uso de drogas. Avançamos a partir deste paradigma e desvelamos outras interações sobre esse fenômeno, descrevemos diferentes correlações em seus aspectos subjetivos, observando analiticamente porque a violência interpessoal juvenil ocorre nesses contextos, avaliando os seus significados e suas imbricações nas instituições sociais e na sociedade. As interações da violência interpessoal entre os jovens e adolescentes exigia uma investigação detalhada. Pois, não se trata somente de violência juvenil fatal, ou seja, crimes bárbaros ou hediondos. Há a violência interpessoal juvenil não fatal que corresponde aos ferimentos atendidos em serviços de emergência hospitalar que demandam um reconhecimento cada vez maior por parte dos pesquisadores e profissionais acerca da necessidade de incluir a violência que não resulta necessariamente em lesões ou morte, mas que, contudo, oprime os sujeitos, as famílias, as comunidades e os sistemas de assistência à saúde no mundo todo. Diante de tal complexidade, quais são as interações entre a violência interpessoal juvenil e as experiências individuais de conflito de jovens e adolescentes internados na Ala de Desintoxicação do HUOP? Como a Ala de Desintoxicação do HUOP exerce institucionalmente o controle social de seus pacientes? Quais são as percepções, os cenários e os antagonistas destes jovens e adolescentes nas suas interações com a violência interpessoal? Quais são as suas experiências individuais de conflito? A tese enuncia que a violência interpessoal juvenil se apresenta com um dos elementos constitutivos da sociedade brasileira. Esta modalidade de violência é respaldada por um imaginário construído no decorrer da história, são ações violentas continuamente produzidas e reproduzidas em todas as camadas sociais do Brasil. A violência física, sexual ou psicológica são companheiras frequentes de jovens e adolescentes, sejam em casa, na escola ou no bairro na forma de maus tratos, espancamentos, assédios e abuso sexual. Sua presença é institucionalizada nas relações com todos que transgridam normas e valores aceitos como naturais nas sociedades. A pesquisa foi organizada a partir de um estudo de caso e teve a combinação de diferentes procedimentos e técnicas de pesquisa com abordagens teóricas, empíricas, quantitativas e qualitativas para investigação. Nesta perspectiva, localizamos o marco analítico e metodológico em que se alicerça esta tese, ela se fundamenta na produção da Escola Sociológica de Chicago. Seus teóricos se interligam as bases do Interacionismo Simbólico como metodologia de pesquisa, sendo este o referencial teórico metodológico que presta o suporte adequado ao que esse trabalho desenvolveu.