Resumo:
Esta dissertação tem por objetivo promover reflexões acerca de realidade escolar no que tange ao ensino de língua de sinais e língua escrita, assim como às perspectivas das professoras em relação a materiais didáticos utilizados em sala de aula. Inicialmente, assume-se como construto teórico a Teoria Sociocultural (VYGOTSKY, 1988), que concebe a linguagem na interação promovendo diferentes experiências necessárias para o desenvolvimento social e cultural do aluno. Em seguida, reflete-se sobre as principais peculiaridades surdas (LEBEDEFF, 2017); (THOMA et al., 2014) e sobre o que dizem os autores, como Leffa (2007) e Sarmento (2016), sobre seleção e elaboração de materiais didáticos de ensino de língua. Seguem-se considerações acerca dos materiais didáticos específicos para o público surdo. (COSTA; SANTOS, 2018; KARNOPP, 2006; QUADROS; SCHMIDIET, 2006). Tais ponderações teóricas voltam-se a dados de entrevistas semiestruturadas (gravadas em áudio) realizadas com quatro professoras de português, Libras e inglês para surdos, em duas escolas da região metropolitana de Porto Alegre. A entrevista voltou-se para reflexões das professoras em relação as suas concepções de linguagem, seus objetivos e impressões ao ensinar tais línguas para seus alunos. Abordam-se também os recursos utilizados em sala de aula, seus critérios de escolha e/ou elaboração de materiais em atenção a peculiaridades surdas e, enfim, o que essas educadoras consideram essenciais em um material didático. Entre as constatações deste trabalho, ressaltam-se os obstáculos indicados pelas educadoras no tratamento de duas línguas de modalidades diferentes em sala de aula. Destaca-se também que o ensino produtivo e significativo de cada uma das línguas, a escolha e/ ou elaboração dos materiais didáticos, assim como a forma como se lida com os recursos em sala de aula, depende, diretamente, da concepção de língua e de surdez das professoras. Os resultados oferecem contribuições aos professores, aos profissionais da educação de surdos interessados na elaboração de materiais didáticos e aos próprios surdos, pois permitem repensar práticas e recursos de ensino a fim de que haja aprendizagens significativas, produtivas e de qualidade.