Resumo:
O objetivo do presente trabalho é analisar a teoria de Justiça não comparativa, de Joel Feinberg, e sua aplicabilidade ao chamado dumping social. Buscaremos compreender o que é dumping, como a prática é identificada e o que implica a ocorrência desta no processo de compra e venda de produtos no mercado internacional. Analisaremos os casos em o dumping é considerado como condenável e as associações a uma prática desleal de comércio. Neste percurso, mostraremos como a prática pode influenciar na livre iniciativa e na livre concorrência, e em que esta se associa à busca pelo monopólio de exportação de determinado produto, bem como trataremos da existência de ações, ou medidas, antidumping, que visam frear essa prática desleal de comércio, em âmbito nacional e internacional. O objetivo principal deste trabalho, porém, é estudar a modalidade de dumping conhecida como dumping social, mostrando como essa prática é identificada, apresentando casos concretos que tiveram repercussão na mídia, para, então, recorrer à teoria da justiça de Joel Feinberg, exposta no artigo Noncomparative justice (Justiça não-comparativa), de 1974. O objetivo será mostrar que o dumping social é injusto por fundamentos diferentes do que torna injustas as demais modalidades de dumping. A estratégia metodológica central do presente estudo é basicamente teórica, e se servirá de uma revisão da literatura em torno do tema e do problema que buscamos resolver. Como resultado do estudo, pretendemos esclarecer o que há de errado no dumping, em suas modalidades econômica e social. Mostraremos como a prática fere princípios de igualdade, de justiça e de dignidade da pessoa humana, estudando se a injustiça apresentada em ambos se dá da mesma maneira. Defenderemos que nos casos de dumping social, a injustiça decorre de uma violação de princípios de justiça não comparativa.