Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise, através de um estudo de trajetória, de como Joaquim Francisco de Assis Brasil uso da memória da Revolução Farroupilha para instrumentalizar seu discurso político/cientificista, com o intuito de fazer a defesa de ideias como o republicanismo e o federalismo, contra os monarquistas, sejam conservadores ou liberais. Assis Brasil é membro de uma corrente contestatória da política saquarema, que implementou um modelo político e social baseado no romantismo, no liberalismo e na igreja católica. Este modelo, após a Guerra do Paraguai, passou a sofrer forte contestação desta geração da qual Assis Brasil fazia parte, que ficou conhecida como “Geração de 1870”. Assis Brasil fazia parte de uma das correntes contestatórias, que, se falando de um “repertório” adquirido através da leitura de teóricos europeus, desenvolveu uma perspectiva para a crise que se instalara no Brasil das últimas décadas do século XIX. Dentro disso, Assis Brasil consegue formar um capital cultural, fruto de suas origens familiares que lhe propiciaram estudar em boas instituições de ensino, além das suas relações pessoais, e das redes de sociabilidade que lhe possibilitaram escrever e publicar as suas ideias, sendo reconhecido pelos seus pares como um dos mais proeminentes membros dessa geração. Aproveitando sua verve, Assis Brasil entra na disputa pela cultura-histórica sobre a Revolução Farroupilha, para fazer dela um elemento identitário para o seu grupo, visando justificar as práticas de contestação deste grupo ao modelo imperial, e construindo uma identidade que liga os republicanos de 1835 com os da década de 1880.