Resumo:
O presente trabalho aborda a atuação de Antonio Fialho de Vargas no comércio de terras da região do Vale do Taquari, durante a segunda metade do século XIX, com o objetivo de compreender como ocorreu a participação de empresários no negócio da colonização e como funcionava o mercado da terra intensificado por esta. O Vale do Taquari recebeu um grande contingente de imigrantes e descendentes a partir da década de 1850, levando muitas empresas a adquirir vastas extensões para transformá-las em lotes coloniais. Interessado no comércio de terras, Fialho de Vargas, oriundo de Porto Alegre, inseriu-se na região com o estabelecimento da Colônia Conventos, criada pela Baptista Fialho & Cia., empresa gerenciada por ele. Esta realizou a contratação de imigrantes europeus e encerrou as atividades após oito anos de funcionamento, mas Fialho de Vargas continuou participando do comércio de terras até o fim da vida. A partir da análise de inventários post-mortem, escrituras de compra e venda, relatórios provinciais, processos judiciais, registros paroquiais, entre outras fontes, constatamos que o comércio de terras era um negócio lucrativo, mas de retorno a longo prazo. Por isso, era necessário diversificar as aplicações, investindo também em atividades mais dinâmicas, que proporcionassem rendimentos mais rápidos. Sendo assim, Antonio Fialho de Vargas potencializou os lucros ocupando o cargo de vereador, possuindo engenhos, moinhos, emprestando dinheiro a juros e comercializando terras e madeiras. Foi possível concluir também que o investimento feito com a instalação de imigrantes europeus, embora tenha sido bastante dispendioso, garantiu o deslocamento de pessoas das colônias antigas para Conventos, tendo em vista a lógica de migração das famílias camponesas, que incluía a não separação das redes parentais e de amizade. Isso acarretou uma demanda por terra que beneficiou os negócios de Fialho de Vargas.