Resumo:
Esta pesquisa tem como objetivo identificar, descrever e analisar os sentidos produzidos sobre o Estágio Supervisionado nos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino (ENDIPEs), nas edições de 2006 a 2016, bem como examinar as implicações de tais sentidos na constituição da docência. O corpus empírico é composto por 131 artigos apresentados em painéis do ENDIPE, e que têm no título o termo “estágio”. O processo investigativo se orienta pela abordagem pós-estruturalista e, para a análise dos materiais, foram utilizados alguns conceitos de Michel Foucault, tais como: discurso, verdade e sujeito, para argumentar que aquilo que diz sobre estágio e a constituição da docência não é algo dado, mas sim construído. Os resultados alcançados permitiram mostrar o estágio enquanto conjunto de técnicas, associando-o à racionalidade técnica, bem como instrumentalizador da práxis associando-o à abordagem crítica. Foi possível identificar que o estágio, na perspectiva da racionalidade técnica, assume uma dimensão instrumental. Desde esta perspectiva se constitui o professor técnico, que será tão bom quanto mais eficientemente dominar as técnicas, produzindo uma docência como sinônimo de eficiência e controle. De outro modo, o estágio enquanto instrumentalizador da práxis traz uma espécie de vocabulário, palavras que apontam para uma rede discursiva: associação entre teoria e prática, prática investigativa, professor reflexivo e identidade docente. Estes sentidos movimentam-se para a constituição de um tipo de docência que aponta para o docente como intelectual crítico que investiga e problematiza a própria prática, que é capaz de construir conhecimento sobre a profissão docente para superar os desafios, o que contribuiu para produzir uma docência como sinônimo de reflexão e salvação.