Resumo:
Os camponeses foram um dos principais protagonistas da frente de expansão no oeste maranhense durante o século XX. Nesse processo de ocupação ao longo do arco da floresta amazônica no estado, os camponeses vivenciaram uma diversidade fundiária marcada pelo seu inter-relacionamento com a especificidade na frente de expansão e com seus respectivos ambientes geográficos. Esta tese examina as ações territorializantes dos camponeses em decorrência das transformações ocorridas na produção, seu processo de ocupação e a apropriação de terras no sudoeste do Maranhão por intermédio dos minúsculos lugares fundados por eles, denominados de ‘Centros’, como forma de antecipação de um espaço agrícola sob pressão de outros segmentos e agentes da sociedade na disputa do uso da terra e da exploração econômica por força da expansão do capitalismo. Para tanto, partimos de uma análise da formação e da conformação da região, que envolveu a colonização, conhecida como ‘espontânea’, realizada pelos camponeses, cuja realidade empírica atém-se à Gleba Boca da Mata/Barreirão, no município de João Lisboa-Maranhão entre 1950 e 1987. Com aporte nos conceitos de espaço, região, territorialidade e centros agrícolas, adotamos uma metodologia combinada da História Social e História Oral. Para
compreendermos os camponeses em suas ações territorializantes na Gleba Boca da Mata/Barreirão, partimos do pressuposto de que seria fundamental a pesquisa se ocupar do processo produtivo, junto ao avanço do capitalismo no campo, em razão das transformações ocorridas na região, fossem elas agropastoris ou florestais, uma vez que a região é caracterizada como área de transição composta de floresta amazônica,
floresta de babaçu e cerrado. Discutimos as diferentes formas de ocupação nessa área e a fundação dos centros camponeses, pois eles se constituíram no elemento estruturante principal de sua ação fundiária. A pesquisa conclui que os centros agrícolas camponeses não são apenas um local de trabalho e abrigo; eles se constituem em uma antecipação do espaço; um lugar que serve como trampolim para novas oportunidades na órbita do capital e como lugar de integração.