Resumo:
Este estudo propõe a identificação das ações formativas desenvolvidas nas relações de produção do Jornal da Universidade (JU), da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre alunos do curso de Jornalismo da UFRGS que fazem estágio não obrigatório na redação e a equipe de profissionais, entre os quais se inclui este pesquisador. Buscou-se, por meio da pesquisa qualitativa, utilizando-se como instrumento a entrevista semiestruturada, apurar das narrativas dos entrevistados o que consideram ações formativas e as reflexões sobre a dinâmica de trabalho no JU que entabularam. Três foram as intenções do trabalho: (a) mapear as trocas interpessoais e coletivas que aprimoram a qualidade técnica do grupo, mais especificamente dos alunos; (b) produzir conteúdo sobre os processos de trabalho; e (c) apreciar as condições do ambiente humano e suas dinâmicas, no sentido de verificar se (e como) colaboram para o desdobramento das ações e dos exercícios de aprendizagem, sobre o que se logrou êxito. Com os resultados, elaborou-se uma proposta de projeto de formação para a equipe do JU. Em temos teóricos, como base pedagógica acorremos aos postulados de Paulo Freire, Moacir Gadotti e Carlos Alberto Torres, nas suas publicações sobre a Pedagogia da Libertação. Em convergência com estes, como substrato metodológico ao projeto resultante deste trabalho, propomos princípios desenvolvidos na teoria das Comunidades de Aprendizagem, em especial o capítulo sobre a aprendizagem dialógica, elaborada pelo Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades da Universidade de Barcelona, difundida no Brasil desde 2003. Sobre jornalismo, lançamos mão das ideias de Gramsci sobre o “jornalismo integral” e de Adelmo Genro Filho sobre a teoria do jornalismo como forma de conhecimento, respectivamente em “Os intelectuais e a organização da cultura” e “O segredo da pirâmide”. A respeito da comunicação pública, encontramos as preocupações democráticas que nos interessam em Maria Helena Weber, na publicação recente “Comunicação Pública e Política”. Por fim, sobre a gestão democrática, recorremos a Naura Syria Carapeto Ferreira, no livro “Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos”. Para a equipe do JU, é consenso a compreensão de que os processos de aprendizagem se estendem para além dos ambientes formais, sendo múltiplas as possibilidades de se produzirem contextos propícios ao aprender.