Resumo:
A presente dissertação de mestrado tem por objetivo investigar as críticas de Kierkegaard à Ciência da Lógica de Hegel contidas em seu Pós-Escrito. A respeito da relação Kierkegaard-Hegel, foram diferenciadas duas perspectivas frente a ela: a primeira é a que visa a relação do ponto de vista psicológico, isto é, que pretende saber se Kierkegaard estava contra Hegel, se ele escrevia seus livros com o intuito de atacar Hegel; e a segunda, por sua vez, que visa a relação do ponto de vista filosófico ou teórico, isto é, concentra-se em saber se as críticas de Kierkegaard cabem à filosofia de Hegel, sem pretender saber se esse autor era o verdadeiro alvo kierkegaardiano. Para atingir seus objetivos, essa pesquisa adotou a segunda perspectiva. Esta dissertação também analisou a posição de Niels Thulstrup e Jon Stewart acerca dessa relação. A atenção foi concentrada no segundo deles, tido como o status quæstionis sobre a relação investigada – resultando, no posicionamento frente a ele, um objetivo secundário para essa pesquisa. A fim de oferecer uma outra interpretação a uma pequena parcela de sua visão geral e também a uma interpretação específica a respeito da relação Kierkegaard-Hegel, essa dissertação investigou a relação filosófica entre Kierkegaard e Trendelenburg. Os resultados da pesquisa são os de que há aspectos importantes da Ciência da Lógica de Hegel contidos no Pós-Escrito de Kierkegaard e que aí são criticados – fazendo com que a relação Kierkegaard-Hegel também seja teórica e crítica, e não apenas passiva ou inexistente acerca da lógica; item relativo à visão geral de Stewart –, que Kierkegaard e Hegel não têm a mesma posição a respeito do início da lógica – item relativo a uma interpretação específica de Stewart – e que as condições colocadas por Kierkegaard em "(a) um sistema lógico pode haver" têm influência trendelenburguiana e, assim, são incompatíveis com princípios defendidos por Hegel.