Resumo:
Esta etnografia se inscreve nos estudos contemporâneos que tratam da cultura material e da vida coletiva, considerando as trajetórias e os movimentos de algumas espécies do mundo natural cultivadas por indivíduos. Assim, busco estudar as ressignificações que estão acontecendo na cultura material contemporânea, numa ordem de interação entre elementos, coisas e espécies da natureza que compõem essa cultura material, e suas experiências com humanos e não humanos (Ingold, 2015, 2012; Latour, 2012; Gell, 2005). Por meio de incursões etnográficas, pautadas em observações participantes, conversas formais e informais, estudei as trajetórias e os movimentos da mandioca e suas rotas e desvios (Appadurai, 2008) no e além do território brasileiro, com centralidade no estado do Pará, onde ela povoa um emaranhado de práticas comerciais, comensais e religiosas com e entre os sujeitos que a cultivam, estabelecendo-se como alimento primordial e como objeto na constituição de experiências que povoam o cotidiano dos paraenses. Portanto, nesta investigação objetivou-se analisar e descrever as experiências vivenciadas pela mandioca com os humanos que habitam no texto da pesquisa, e destes com ela. Para tanto, nesta viagem me dispus a seguir os materiais e pessoas que dão concretude às experiências supramencionadas com o intuito de: etnografar os processos que culminam com a produção, consumo e singularização (Kopytoff, 2008) dos descendentes da mandioca, assim como reconhecer como são negociadas e estabelecidas essas experiências.