Resumo:
Essa dissertação busca analisar as mulheres populares na cidade de Porto Alegre em fins do século XIX, a partir dos 29.918 homens e mulheres que frequentaram a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre nos anos de 1889 a 1900, encontrados nas fontes do Livro de Matrícula Geral dos Enfermos, e dos 20 processos criminais pesquisados, em que a maioria das mulheres são rés. Buscamos a partir de uma metodologia que visa tirar o aspecto de subalternidade e vitimização, historicamente relacionado às mulheres, coloca-las no centro da análise para então descobrir como eram seus relacionamentos, vivencias, trabalhos e em geral, aspectos cotidianos. A partir de nossas fontes também conseguimos observar como são as representações e os estereótipos construídos sobre as mulheres, os quais nos mostram estar sempre em dinâmicas não estruturadas, podendo mudar a partir de determinado contexto situacional e relacional. As interseccionalidades também são fundamentais para compreender como as mulheres organizavam suas vidas, pois observamos que a partir de determinada característica de classe ou de raça, as atribuições e representações a respeito dessas mulheres mudavam. Encontramos mulheres gerenciando suas vidas de plurais maneiras, seguindo estereótipos na forma de mulheres casadas, trabalhadoras domésticas ou indo contra eles, como as prostitutas e criminosas, mas em geral, mulheres que sabiam manejar suas vidas conforme as situações lhe eram postas.