Resumo:
Este trabalho pretende analisar a presença e as experiências populares, sobretudo dos indivíduos negros, nas instituições policiais de Porto Alegre nos anos finais do século XIX, momento em que a polícia ganha importância como mecanismo de controle social e urbano. Para analisar esta presença são utilizados os Livros de Matrícula de Enfermos da Santa Casa que trazem a referência de cor dos indivíduos em seus registros, mesmo após 1888, permitindo, assim, a elaboração de um “perfil” destes policiais. Também são abordados os discursos de valorização do trabalho presentes no jornal A Federação, e também as medidas práticas adotadas pelo governo, de controle e repressão à vadiagem e a ociosidade, através da coluna de “ocorrências policias” exibida no periódico. Pretendo compreender, através de uma história social do trabalho, que significados tiveram o engajamento dos indivíduos negros no serviço policial, considerando tal atividade como parte integrante dos mundos do trabalho urbano, e como este trabalho fardado dialogou com as perspectivas desses indivíduos, no que se refere às expectativas de ascensão social, obtenção de prestígio/honra, além de suas relações com os demais setores da sociedade, como mulheres, imigrantes e demais populares brancos e negros.