Resumo:
A presente pesquisa objetivou problematizar a articulação entre o discurso eugênico e a produtividade da ação preemptiva da educação, a fim de evitar o surgimento de anormalidades que venham a prejudicar o corpo social. Percebe-se que a questão educacional se desdobrou em torno da degenerescência, marcou, de certa maneira, os indivíduos em que os comprometimentos físicos e/ou intelectuais não permitiram mostrar os resultados da educação recebida. Para melhor compreendermos estas nuances, investiguei diferentes artigos, dissertações e teses sobre o tema, somado a isso, analisei também como esses discursos eugênicos circularam durante a I Conferência Nacional de Educação, realizada na cidade de Curitiba, Paraná, no ano de 1927. Esse evento foi idealizado pela Associação Brasileira de Educação (fundada em 1924), e, dois anos depois, ocorreu o I Congresso Brasileiro de Eugenia. De certo modo, tais debates sobre a educação fomentaram a necessidade de se organizar algo desse porte para a sistematização da eugenia no Brasil, o que demonstra a imbricação entre ambos os temas (eugenia e educação) nesse contexto sociopolítico. Além da questão eugênica que apareceu de modo transversal em muitas teses, conceitos relativos aos cuidados com o corpo, matrimônio, maternidade, combate aos vícios, moral, educação sexual e criação da prole à luz da eugenia e da biologia também foram recorrentes no material. Isso demonstra claramente a imbricação entre o que os eugenistas propuseram à época para o aprimoramento do indivíduo e do corpo social e o que os educadores preconizaram naquele contexto para este mesmo fim.